Que se passem as horas, os ventos e a brisa
Que conforte o medo, as mágoas, a falta
Que se pare no tempo o momento final
Que venham remando, pescando, nadando
Perdendo o meu chão
Se me perco e desmonto ao entregar
O que se prende e se defaz
Com os passos dos ventos que contam momentos
Em dados espaços escalam tormentos
Quem contam os tempos em chãos disfarçados
As horas não passam e são tantas as faltas
Espero a hora, mas a hora não chega
Em quanto tempo vivo este instante?
Me perco, não entendo, me estendo
Conto, contanto quem serei eu?
Remem, barcos, até a margem
Há recompensa do outro lado
Esperar nunca rendeu tanto:
Tanto medo
Tanta falta de fé
Tanto excesso de eu, mim, você.