Certa vez me disseram que um amor se cura com outro. Lembro de ouvir aquelas palavras numa roda de amigos. Talvez, quem disse estivesse um pouco alcoolizado, já era madrugada e lançou no ar: quando você encontrar outra pessoa você vai ficar bem.
Aquilo marcou e ficou martelando na cabeça. Quando a gente escuta algo de alguém no qual a gente confia começamos a acreditar e, de algum modo tentar fazer com que aquele pensamento se torne real.
Começa então uma busca incessante por “outro alguém”. Saímos, viramos noites acordados, bebemos até o limite. Na quinta o corpo já pede por novas aventuras. Segunda-feira estamos acabados por dois explícitos motivos: o corpo cansou e a saudade bateu. Seguimos, falta pouco pra mais uma quinta-feira.
Durante essa busca nos deparamos com tudo. Até mesmo com quem parece que veio para apaziguar toda essa situação – que já dura mais de 72 semanas. Quando a gente encontra parece que o mundo floresce de novo, mas só por fora. Por dentro ainda estamos no casulo da recuperação.
Então, a gente se dá conta de que essa busca é em vão. Ninguém tem culpa do nosso amor passado. Ninguém tem que ser apenas um remendo na nossa vida e nem servir como um estepe pro nosso coração. Cada um tem seu tempo de cura – seja lá quanto tempo demore.
Chego a conclusão de que o que me disseram não passa de um costume para tentar aliviar a situação, mas acontece que esse encontro não vai acontecer com outra pessoa. Esse encontro é de você com você.
Tome um banho quente e se abrace. Coloque uma roupa confortável, peça uma pizza, coloque seu filme preferido. Receba sua versão sensível para uma noite aconchegante. Mostre pra você que o encontro já está rolando há tempos. Agora, é hora de o relacionamento tornar-se sério. O amor é próprio e vai durar muito mais agora. Depois de tudo que você já passou, olhe para o espelho e diga: prazer, eu sou o amor da sua vida.
Tiago Brito