– Por que você me bloqueia?
– Porque não quero ficar olhando suas atualizações.
– Não acho que esse seja o melhor caminho.
– Pra que você quer me ver?
– Ué, eu gosto de você!
– Você estando bloqueado é sempre um aviso que eu preciso pra não ficar me machucando.
– Como assim?
– Quando eu digito teu nome e vejo que não aparece, entendo que não é pra te ver. Daí eu penso: não precisa se machucar. Ele está bem. Está tudo bem.
– Eu nem deveria ter vindo.
– Se for pra falar a verdade deveria. Se for pra ficar com aquele mimimi que cansa mais do que carregar um caminhão com areia. Errou.
– Desculpe! Acho que não devemos insistir em fazer algo juntos. Apesar que eu adoraria.
– Foi você que veio aqui. Eu estava quieto e você bloqueado.
– Desculpe!
– Cara, só isso que sabe dizer? Não consegue ter nenhuma atitude além de pedir “desculpas”? Pelo menos não insistiu na opção: mas não tenho culpa. Isso já é um avanço.
– É, talvez eu tenha culpa. Eu te fiz me conhecer.
– Pois é…
(30 min)
– Você deveria parar de se desculpar e tomar uma atitude. Não tenho medo algum de falar que ainda existe sentimento por você. Mas sua vibe é meio complicada. Você sempre vem e vai quando acha certo e não pensa na forma que isso me afeta, apesar de nosso contato físico ser escasso.
– Desculpe, de novo. Vou me afastar.
– Então se afasta vez, cara. Não me usa como gatilho pras suas tristezas. Aliás, não me use mais de jeito nenhum.
(30 min)
– Você quer tentar algo?
– Eu? De novo?
– Quer?
– Mas você sempre foge. Como faço pra acreditar nisso? A esperança não morreu, mas ficar esperando é o que me mata.
– Eu não fico fugindo!
– Claro que foge, garoto. Sua deturpada filosofia de liberdade faz com que esteja sempre fugindo. Inclusive do que você é.
(30 min)
– Eu não fujo. Você que me bloqueou!
– Então cria a coragem de marcar algo e sustentar até o fim. Assunto a gente tem e, bom, eu amo sua companhia, mesmo que seja pra comprar livros que nem me interessam. Só pra te ver.
– Nunca leu aqueles livros?
– Não! Percebe a diferença? Eu sempre fiz muito pra ter perto. E você? Nem a culpa quer levar por algo.
(2 dias)
– Odeio o seu silêncio. Por isso te bloqueio. Pra também ficar em silêncio, apesar de sempre ter muito pra falar. Vou parar de dar biscoitos à esperança. Parar de querer saber se você está bem e se o mundo não te engoliu por conta da sua sensibilidade, história e dos seus dias ruins. Parar de alimentar que toda vez que a gente se fala algo vá sair. Parar de acreditar que existe amor (pelo menos da minha parte). Não tem amor. Amor não machuca. Amor não vai e vem. Amor vem e fica. Mesmo que esteja longe a gente fica sentindo. Queria mesmo era ter borboletas no estômago, mas só tenho tido nós da garganta. Garoto, vá se conhecer, descobrir sua real condição de relacionamento e quando você descobrir não me procure. Certamente já estarei com alguém disposto a amar também. Adeus, de novo!
(Contato bloqueado)